sexta-feira, outubro 19, 2007

Quem é o PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL numa instituição de nível superior?

Esta é uma pergunta que surge em torno da profissão que nasce através de uma proposta de interdisciplinaridade. Interdisciplinaridade aqui surge no "diálogo" entre duas disciplinas que transpõem o espaço da subjetividade de um indivíduo buscando delinear com clareza , os sujeitos e as disciplinas. Não nos cabe propor " atividades e treinamentos para indivíduos com problemas de aprendizagem e comportamento baseados em teorias comportamentais, como sugere a Psicologia Educacional nem definir métodos, técnicas e estratégias de ensino como propõe a Pedagogia mas cabe-nos ocupar um lugar que está na inter-relação da ensinagem e da aprendizagem" afirma Maria Gasparian
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domingo, outubro 08, 2006

Inclusão, ainda um desafio na educação


Adriane Branco Folkis*


Fonte: Pedagogo Brasil



O tema da Inclusão tem proporcionado ampla discussão no meio educacional e causado grande polêmica que envolve escolas tradicionais, instituições especializadas, os pais de alunos com ou sem dificuldades e a própria sociedade.
Preconceitos, antigos valores, velhas verdades, atitudes e paradigmas conservadores da educação ainda retardam a implementação de ações em favor da abertura das escolas para alunos portadores de dificuldades especiais. Alguns países já têm iniciativas neste sentido e várias experiências positivas nesse campo. Citamos como exemplo os Estados Unidos, Austrália, Itália, Canadá. Susan Stainbach e Willian Satainbach publicam uma obra extraordinária sobre o assunto - Inclusão: Um guia para educadores (traduzida e publicada no Brasil em 1999) - onde narram suas experiências na área da inclusão e as de outros colaboradores.


A escola inclusiva ainda tem um longo caminho a percorrer no Brasil. Falar em educação de inclusão implica em se pensar numa escola onde os alunos recebam oportunidades educacionais adequadas às suas habilidades e necessidades; em pensar uma escola da qual todos fazem parte, em que todos são aceitos, em que todos ajudam e são ajudados pelos professores, pelos colegas e pelos membros da comunidade, independentemente do talento, deficiência, origem sócio-econômica ou cultural. Uma escola de inclusão só existe na medida em que aceitarmos que é preciso tirar proveito das diferenças.


Por enquanto a escola que temos é a da exclusão, da discriminação dos deficientes, dos que não são deficientes, mas têm certas dificuldades de aprendizagem, dos menos favorecidos social e culturalmente.


Stainbach (1999) observa que são vários os benefícios da inclusão:


(a) benefícios para todos os alunos, na medida em que, nas salas de aula, todas as crianças se enriquecem por terem oportunidade de aprender umas com as outras, aprendem a cuidar umas das outras e a conquistar atitudes, habilidades e valores necessários para a sociedade apoiar a inclusão de todos os cidadãos;


(b) benefícios para todos os professores, na medida que eles têm a oportunidade de planejar e conduzir a educação como parte de uma equipe cooperativa, melhoram suas habilidades profissionais e a mantêm-se informados das mudanças que ocorrem em suas áreas e garantem sua participação nas tomadas de decisões;


(c) benefícios para toda a sociedade, na medida que a razão mais importante do ensino inclusivo é o valor social da igualdade, pois que se ensina aos alunos que, apesar das diferenças, todos têm direitos iguais. A inclusão reforça a prática de que as diferenças são aceitas e respeitadas.



A questão da inclusão não é um direito que os alunos precisam conquistar. Isto é discriminação. O ensino inclusivo é um direito básico e na escola inclusiva a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade e os resultados visíveis são os da paz social e os da cooperação. À escola inclusiva cabe a superação das experiências e padrões do passado, ou seja da segregação e da desigualdade. A idéia tradicional de que pessoas deficientes poderiam ser ajudadas em escolas e instituições especializadas, ambientes socialmente segregados, só serviu para fortalecer os estigmas sociais e a rejeição.


A inclusão é um desafio, grande em muitos países e enorme no Brasil. Ela deve também, além de outros, vencer desafios de ordem orçamentária. A inclusão genuína não significa a inserção de alunos com deficiências em classes de ensino regular sem qualquer apoio para a instituição escolar, para os professores ou alunos. A inclusão implica em aparelhar adequadamente a escola com instrumentos, técnicas e equipamentos especializados, em apoio aos professores e alunos.


Não restam dúvidas de que a inclusão é um desafio, já que se trata de um novo paradigma de pensamento e de ação, pois que trata da inclusão de todos os indivíduos em uma sociedade na qual a diversidade deve se tornar uma norma e não uma exceção. O caminho não é, certamente, um dos mais fáceis. Mudanças dessa natureza não se fazem sem resistências, mas é o único para uma prática social verdadeiramente democrática.




STAINBACH, Susan. Inclusão: um guia para educadores. Susan Stainbach e Willian Stainbach; Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.


* Professora da 2º série do Colégio Fênix de Bauru, graduada em Psicologia e Pedagogia pela Universidade do Sagrado Coração de Bauru - SP.
Email:
clovis@colfenix.com.br






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sábado, setembro 09, 2006

Revista Psicopedagogia nº 71


Sumário


EDITORIAL / EDITORIAL


Revista Psicopedagogia: refletindo o amadurecimento científico de nossa Associação


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ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES


Análise da representação da imagem e esquema corporal em crianças com problemas de aprendizagem - Juliana Christina Rezende de Souza


Escrita ortográfica: análise do desempenho ortográfico de universitários - Rosa Lise de Sousa Kusner; Graciela Inchausti de Jou; Valéria Oliveira Thiers; Brasílio Ricardo Cirillo da Silva


Nível de leitura e compreensão de sentenças faladas no ensino fundamental: diagnóstico diferencial dos problemas de leitura - Carolina Cunha Nikaedo; Elizeu Coutinho de Macedo; Cleber Diana; Katerina Lukasova; Carolina Kuriyama; Fernanda Orsati; Fernando César Capovilla; Luane Natalle;


Desempenho na resolução de problemas envolvendo o conceito aditivo em sujeitos com dislexia do desenvolvimento - Cíntia Alves Salgado; Simone Aparecida Capellini; Sylvia Maria Ciasca


Avaliação de vocabulário expressivo e receptivo na educação infantil - Fernanda Ferracini; Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla; Natália Martins Dias; Fernando César Capovilla


Estilos de aprendizagem e inclusão escolar: uma proposta de qualificação educacional - Claudia Gomes


ARTIGO ESPECIAL / SPECIAL ARTICLE


O estalo de Vieira à espera da leitura - Clélia Argolo Estill


ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE


Aspectos individuales que influencian en el desempeño durante el examen psicológicas - Thomas Oakland; César Merino Soto


Dificultades en el aprendizaje de las matemáticas: una perspectiva evolutiva - Josetxu Orrantia


Os neurobiomecanismos do aprender: a aplicação de novos conceitos no dia-a-dia escolar e terapêutico - Ana Alvarez; Ivana de Carvalho Lemos


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quinta-feira, julho 27, 2006

A ação psicopedagógica e a transformação da realidade escolar

Joana Maria Rodrigues Di Santo

A atuação do Psicopedagogo na instituição visa a fortalecer-lhe a identidade, bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição, ao mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento histórico atual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade.

Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino-aprendizagem que:


- Fomente interações interpessoais;
- Incentive os sujeitos da ação educativa a atuarem considerando integradamente as bagagens intelectual e moral;
- Estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa para, de fato, inovar a prática escolar; contextualizando-a;
- Enfatize o essencial: conceitos e conteúdos estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em questão;
- Oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os diversos conteúdos trabalhados;
- Reforce a parceria entre escola e família;
- Lance as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio;
Incentive a implementação de projetos que estimulem a autonomia de professores e alunos;
- Atue junto ao corpo docente para que se conscientize de sua posição de “eterno aprendiz”, de sua importância e envolvimento no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, evitando mecanismos menores de seleção, que dirigem apenas ao vestibular e não à vida.


Nesse sentido, o material didático adotado, após criteriosa análise, deve ser utilizado como orientador do trabalho do professor e nunca como o único recurso de sua atuação docente.

Com certeza, se almejamos contribuir para a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade, nossos alunos precisam ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos, interpretá-lo, decifrá-lo e nele ter condições de interferir com segurança e competência.

Para tanto, juntamente com toda a Equipe Escolar, o Psicopedagogo estará mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino- aprendizagem, espaço este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar.

Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos chamar de psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é também aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderão ser tratadas de forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas.

Em sua obra “A Psicopedagogia no Brasil- Contribuições a Partir da Prática”, Nádia Bossa registra o termo prevenção como referente à atitude do profissional no sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos nesse processo, Partindo da criteriosa análise dos fatores que podem promover, como dos que têm possibilidade de comprometer o processo de aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo, o que vem a ser sua função precípua, colaborando, assim, na preparação das gerações para viver plenamente a complexidade característica da época. Sabemos que o aluno de hoje deseja que sua escola reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios que a vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já obsoletos e ultrapassados.

“A psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos processos de aprendizagem. Podemos hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos processos de aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das suas deficiências.”(Nívea M. C. Fabrício).

Surgiu da necessidade de melhor compreensão do processo de aprendizagem, comprometida com a transformação da realidade escolar, na medida em que possibilita, mediante exercício, análise e ação reflexivas, superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo e atuação coerente com a evolução e progresso da humanidade, colaborando, assim, para transformar a escola extemporânea, que não está conseguindo acompanhar o aluno que chega a ela, em escola contemporânea, capaz de lidar com os padrões que os alunos trazem e de se contrapor à cultura de massas predominante, dialogando com essa cultura.

Educação e Psicologia, como também Psicanálise, Lingüística e Filosofia, dentre outras, se unem para participar na solução de problemas que possam surgir no contexto educativo; todas passam a levar em conta esse contexto, os fins da educação e a problemática dos meios para realizá-la, elevando o aluno à categoria de sujeito do conhecimento, envolvendo na solução as estratégias pedagógicas adequadas, considerando liderança, diálogo, visão, pensamento e ação como pilares de sustentação de uma organização dinâmica, situada, responsável e humana ( Isabel Alarcão).

Há necessidade de, não apenas conhecer a ação, mas orientá-la, integrando o trabalho de acompanhamento de procedimentos didáticos à resolução de problemas de adaptação escolar, que podem ser caracterizados como aqueles que emergem da relação, da interação entre as pessoas e entre elas e o meio, surgindo em função de desarmonias entre o sujeito e as circunstâncias do ambiente. Essas desarmonias podem até adotar modalidades patogênicas ou patológicas, que requerem encaminhamentos específicos que podem extrapolar o espaço escolar.


REFLETINDO SOBRE A PRÁXIS
Visando favorecer a apropriação do conhecimento pelo ser humano, ao longo de sua evolução, a ação psicopedagógica consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem, bem como da aplicabilidade de conceitos teóricos que lhe dêem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes, que respeitem a singularidade de cada um e consigam lidar com resistências. A ação desse profissional jamais pode ser isolada, mas integrada à ação da equipe escolar, buscando, em conjunto, vivenciar a escola, não só como espaço de aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores, de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades docentes e discentes.

Utilizando a situação específica de incorporação de novas dinâmicas em sala de aula, contemplando a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola, o psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de produção do conhecimento.

A prática psicopedagógica tem contribuído para a flexibilização da atuação docente na medida em que coloca questões que estimulam a reflexão e a confrontação com temáticas ainda insuficientemente discutidas, de manejo delicado, que, na maioria das vezes, podem produzir conflito. Isto se deve, em geral, ao quadro de comprometimento do aluno/instituição, que apresenta dificuldades múltiplas, envolvendo as competências cognitivas, emocionais, atitudinais, relacionais e comunicativas almejadas e necessárias à sociedade. Em decorrência, ações específicas, integradas e complementares de diferentes profissionais devem compor um projeto de escola coerente e impulsionador de valores e relações humanas vividos no ambiente escolar. Projeto que envolva o recurso humano: professores, alunos, comunidade para, através dele, transformar não só a cultura que se vive na escola, mas na sociedade.



Joana Maria Rodrigues Di Santo –Pedagoga formada pela USP, Psicopedagoga formada pela Puc-SP-,Mestre em Educação- pela UNISAL. Carreira dedicada ao Ensino Municipal de São Paulo como Professora de Ensino Fundamental I, Professora de Ensino fundamental II- Português. Diretora de Escola, Supervisora Escolar, Coordenadora de Núcleo Regional de Educação. Professora Universitária. Consultoria e assessoria.

Fonte: http://www.centrorefeducacional.com.br/psicoinst.htm

Apresentação


Este blog pretende disponibilizar ao internauta interessado no tema textos interessantes que possam conduzir a um pensar crítico sobre a atuação do psicopedagogo na instituição escolar e sobre o potencial transformador desta postura ante o processo de ensino-aprendizagem.